Venho relendo os livros de C.S. Lewis e percebi que o 'O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas' usa o mesmo caminho que o desenho 'Caverna do Dragão'. Mas eu me lembro que já joguei campanhas com a mesma premissa, mas não eram tão agradaveis por serem "toscas". Então analisei as duas obras anteriormente citadas e percebi alguns pontos em comum que os DMs que moderaram tais jogos não usaram.
1 - Estabelaça um "nível 0" e faça com que os jogadores escolham sua classe mais tarde: Como estaria pensando em um jogo para meus primos, com a mesma premissa, então temos crianças de 9 a 12 anos que estão tendo o primeiro contato com o RPG. Não cobre um backstory e peça que inicialmente interpretem a si mesmos. Limite eles a humanos (inicialmente) e envie-os para o mundo magico numa situação de nosso mundo real. Dê pontos de vida (sugiro 5+M/Con) e vá aos mostrando que o mundo magico é perigoso e não deve ser subestimado. Assim, quando tiverem um patamar de experiencia, de a eles o primeiro nivel e a sua classe, como no nivel 1.
2 - Balanceie o jogo: Por acaso a lingua que os jogadores sabem falar é a lingua comum. quem diria que no mundo magico todos falam portugues (ou ingles). De aos personagens iniciais algumas proficiencias (2 skils, lingua comum [ler e escrever] e uma ferramenta [jogo, kit ou instrumento musical, que faça sentido que eles saibam]) e faça que eles tenham acesso a armas magicas.
3 - Não limite os objetivos a somente voltar para casa: Para que o jogo seja divertido o personagem deve ter uma motivação para agir. E se a porta que os leva para casa nunca se feche e os PJs estejam dispostos a ajudar um NPC? E se eles forem o foco de uma profecia? E se um companheiro se perdeu no caminho? Faça com que os jogadores queiram se aprofundar no cenario, crie amizades, amores, rivalidades e destinos... Só não exagere, são só crianças.
Vamos agora analizar nossos exemplos:
4 irmão encontram uma passagem para um mundo magico dentro de um guarda roupas enquanto se escondiam para não levar bronca. Um deles (dois na verdade) já esteve por lá e fez um amigo que foi levado prisioneiro por uma tirana, e mais tarde um deles tambem é preso pela mesma. Eles então se juntam a uma rebelião que deseja derrubar a tirana, e os rebeldes acreditam que eles são parte de uma antiga profecia. No meio do caminho eles recebem de presente Armas magicas (Como uma poção que restaura 1000HP imediatamente e um arco que dificilmente erra o alvo) que serão usadas nas missões.
6 amigos vão para um brinquedo e o carrinho cai em um mundo magico por uma passagem só de ida. Eles encontram um Mago Halfling que lhes oferece armas magicas para se protegerem dos perigos que protegem o caminho de volta, enquanto vão fazendo amizades com os moradores da região e os ajudando sempre que podem.
Crianças humanas do nosso mundo que encontram a passagem por acidente, recebem armas magicas, se tornam herois e são motivados por mais que o sentimento de voltar pra casa (até por que alguns deles até esqueceram disso). Agora uma ideia para iniciar uma campanha assim.
Um rei mago maligno deseja se tornar um Lich e seu inimigo, um bondoso e poderos Clerigo encontra um grupo de crianças de outro mundo que ficaram presas. Prometendo levá-los para casa, o Clerigo os põe sobre provação para ter certeza que merecem sua confiança. As crianças em suas provações encontram armas magicas e descobrem talento para magia ou batalha. Ao se provarem merecedores, as crianças são enviadas para impedir que o Rei Mago consiga os ingredientes da poção. Quando conseguem o último item, descobre que o Rei Mago era bonzinho, apenas mal compreendido, e o Lich era o Clerigo que os manteve presos enquanto podia retorna-los quando quisesse. Assim, o dilema. Derrotar seu antigo Patrono, ou deixar esse mundo cair em perdição e voltar para casa?
Breno, parabéns pela sua leitura, tanto das obras originais, quanto das adaptações narrativas necessárias para transformá-las em aventuras de RPG. Estou começando a mestrar agora, e mal vejo a hora dos meus priminhos crescerem um pouco mais para poder me divertir com eles nesses mundos mágicos. Mandou bem.