Esse conto é uma continuação do conto dos 13 guerreiros, a pedido do meu grupo quando eu mestrava Dragonlance. Eles me pediram para descrever como foi a luta final mencionada no conto.
O vilarejo já estava completamente dominado pela Horda e a única resistência que ainda existia eram a dos 13 guerreiros no centro do vilarejo onde guardavam o pequeno templo de paladino.
Em uma manobra de guerra estratégica, os 13 guerreiros atraíram o comandante ogre Lanthofaros e seu braço direito para dentro do templo aumentando as chances de matá-lo. No entanto, o serviço deveria ser feito rápido, pois os outros 9 guerreiros estavam fora do templo tentando segurar o máximo possível a grande fúria da horda que tentavam entrar para ajudar seu líder e levar o templo ao chão.
Do lado de dentro apenas FRIGIUS, um bárbaro das montanhas geladas de Amesh, TULLASTER, nobre guerreiro de linhagem élfica, MAMUTE, minotauro das terras nômades ao Norte de Istar e WOLFGAR, comandante ergothiano que comandou as tropas de Ergoth na batalha de Gargath.
A esses quatros foi conferida a incumbência de derrubar Lanthofaros e seu braço direito, um troll de quatro braços.
O grande Troll de quatro braços estava sendo contido por MAMUTE. O minotauro estava tendo muito trabalho com os múltiplos ataques do Troll. MAMUTE movimentava-se estrategicamente entre as pilastras internas do templo, sempre colocando as pilastras protegendo seu flanco esquerdo para tentar anular pelo menos dois braços do Troll.
Os outros três guerreiro não estavam tendo melhor sorte. TULLASTER, FRIGIUS e WOLFGAR temiam não conseguir derrotar LANTHOFAROS. O grande comandante ogre era conhecido por ter um golpe central mortífero com sua espada bastarda. Nenhum inimigo que conhecia bem LANTHOFAROS ousava se manter em sua frente, atacando-o sempre pelos flancos.
Mas essa estratégia já tinha se mostrado ineficaz para os três guerreiros. Duas investidas já tinham sido feitas e TULLASTER já não tinha mais condições de lutar. LANTHOFAROS já partia para finalizá-lo e FRIGIUS no desespero se colocou a frente para segurar ao máximo o comandante ogre para que TULLASTER pudesse rastejar para longe da luta, atrás de uma pilastra do templo.
WOLFGAR também já se encontrava gravemente ferido com um corte na coxa e no ombro e percebera o estilo de luta de LANTHOFAROS que protegia de maneira formidável os flancos do seu corpo, tentando se colocar sempre de frente ao inimigo. Definitivamente, atacar pelos flancos não era a solução. Se tentasse mais uma vez morreria nos ataques cruzados da lâmina bastarda do inimigo.
Mas WOLFGAR devia pensar rápido. O barulho das grandes e pesadas portas de madeira do templo se rangendo pelos golpes duros que vem recebendo do lado externo lhe trouxe de volta dos seus pensamentos.
Quando retornou a si, FRIGIUS estava gritando de dor acabando de cair de joelhos diante de LANTHOFAROS por causa de um golpe que desceu violentamente em seu tronco.
WOLFGAR se lançou diante do próximo ataque do ogre que descia firme em direção a cabeça de FRIGIUS, desviando a trajetória da espada bastarda do ogre com um leve toque de sua espada longa, fazendo a poderosa lâmina de LANTHOFAROS se chocar violentamente contra o chão de mármore do templo. Um bloqueio perfeito!
Agora era somente um guerreiro contra o comandante ogre. MAMUTE ainda estava entretido com o grande troll, agora de três braços, e que se rendia aos poderosos ataques do minotauro e sua dança entre as pilastras.
WOLFGAR estava frente a frente de LANTHOFAROS. Ambos se estudavam e o comandante ogre já conhecia a fama daquele comandante ergothiano: um humano que ignorava qualquer dor para chegar onde for preciso.
Era exatamente isso que WOLFGAR também pensava enquanto o estudava. Percebeu que era muito óbvio atacá-lo pelos flancos. Todos os inimigos de LANTHOFAROS atacavam assim para evitar o seu ataque frontal e portanto LANTHOFAROS já sabia como se defender e contra atacar. "Era óbvio! Eu devia ter pensando nisso antes", pensou Wolfgar.
Foi ai que ele percebeu que o ponto fraco do inimigo estava exatamente em seu ponto mais forte, o ataque frontal. Sabia que LANTHOFAROS só podia executar um ataque frontal poderoso deixando aberta sua guarda exatamente no mesmo ponto, ou seja, na parte frontal do abdômen. Um golpe ali seria fatal.
Era pela frente que devia atacar. Com certeza seria golpeado em seguida pelo ataque mortal do ogre, mas se tivesse um pouco de sorte poderia resistir aos ferimentos e definir o combate com um golpe certeiro. Só não poderia deixar LANTHOFAROS saber que ele descobrira o caminho.
Assim, WOLFGAR o atacou mais uma vez pelos flancos dando entender que perderia sua vida insistindo por ali. Por conta disso, recebeu um novo ferimento no ombro e teve seu nariz quebrado por um soco de LANTHOFAROS dado com a empunhadura da espada, fazendo-o dar dois passos para trás.
Era agora, não podia esperar mais tempo, não teria energia suficiente para agüentar mais uma seqüência de ataques.
Fingindo que daria um passo lateral para procurar os flancos novamente, WOLFGAR projetou rapidamente a frente do comandante ogre, surpreendendo o grande ogre e fazendo-o perder milésimos preciosos de segundo para levantar sua espada bastarda, o que o colocou na defensiva dando uma série de bloqueios contra as inúmeras investidas de WOLFGAR.
WOLFGAR buscava não dar folga a LANTHOFAROS para que ele não pudesse ter tempo de pensar e só defender, assim ele apostava que a primeira coisa que o grande ogre faria quando tivesse um suspiro era projetar seu ataque.
Assim WOLFGAR apostou, cessando propositadamente, por poucos segundos, a seqüência de ataques que efetuava contra LANTHOFAROS. Ele sabia que o ogre era um guerreiro extremamente competente para aproveitar essa pausa imperceptível entre um ataque e outro para tomar a iniciativa e a ofensiva.
A isca deu certo. LANTHOFAROS interrompeu os sucessivos ataques de WOLFGAR e começou a contragolpear incansavelmente. WOLFGAR esperava que o grande ogre fosse soltar seu golpe mortal que abria a sua guarda, mas LANTHOFAROS veio numa seqüência de golpes desconcertantes e cruzados projetando WOLFGAR de encontro uma pilastra, explicando na prática o porque que seus inimigos evitavam ficar à sua frente, mas a seqüência de golpes foram surpreendentemente defendidos por WOLFGAR, com sucessivos bloqueios como se por reflexo divino.
Logo em seqüência, com o objetivo de finalizar o combate, LANTHOFAROS desferiu seu golpe mortal, um corte frontal que descia direto no tronco do inimigo com todo o peso do corpo do corpulento ogre, impossível de defender em face dos sucessivos ataques anteriores que desorientam o adversário.
Mas WOLFGAR conseguiria defender, porém, decidiu atacar. Era a sua chance. Como uma cobra dando o bote em sua presa, ele movimentou-se rápido empunhando sua espada a frente, que acabara de passar para a mão esquerda, para estocar o abdômen de LANTHOFAROS. Nesse momento, sentiu a lâmina fria da espada bastarda rasgar seu ombro direito, dilacerando sua carne e trazendo-lhe uma onda de dor que se alastrou imediatamente por todo o corpo.
Ignorando a dor para chegar aonde era preciso, WOLFGAR manteve firme sua empunhadura esquerda terminando o seu golpe ao mesmo tempo que o som ao seu redor ficava cada vez mais distante.
Olhando com dificuldade para baixo, pode ver o cabo de sua espada longa enterrado por completo no abdômen de LANTHOFAROS. Ele o havia empalado. O corpo do grande ogre pesou em cima dele e o derrubou para trás.
Caído quase inconsciente, ainda conseguiu ver MAMUTE o chamando, com a voz cada vez mais fraca. O grande minotauro olhou para trás repentinamente com o estrondo vindo da entrada do templo.
Com os olhos quase fechando, WOLFGAR acompanhou o chão até a entrada do templo apenas para ver, pela última vez, a grande e pesada porta dupla sendo derrubada pelo exército da horda.
"Quando os heróis caem, no amor ou na guerra, eles vivem para sempre.", Kiri Jolith.